João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais.
E desde pequeno era encantado por estudar outras línguas. Iniciou-se 
sozinho no estudo do francês. Um frade ensinou a ele o holandês e o 
ajudou a seguir no estudo do francês.
Após passar por alguns colégios, fixa-se em Belo Horizonte, onde 
completa o curso secundário em uma escola de padres alemães. Logo que 
ingressa, Guimarães Rosa começa o estudo de alemão.
Ainda nessa cidade, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1925.
Nem tinha formado, quando em 1929, escreveu seus primeiros contos e deu 
início à sua carreira como literário. Já a princípio, ganhou prêmio em 
dinheiro pelos tais contos, ao participar de concurso oferecido pela 
revista “O Cruzeiro”.
Nesse período, suas obras, apesar de premiadas, não tinham a linguagem 
literária que representou um marco na literatura brasileira.
Na data de seu aniversário e no ano de 1930, casa-se com a primeira 
esposa, Lígia Cabral Penna, com quem tem duas filhas: Vilma e Agnes. 
Forma-se no mesmo ano em Medicina e exerce sua função nas várias cidades
 do interior mineiro. Após presenciar as dificuldades de se trabalhar em
 lugares que não ofereciam condições e pessoas sofrendo e morrendo por 
causa disso, o autor abandona a Medicina, pois não consegue conviver com
 tal realidade.
Porém, trabalhou por alguns anos como Oficial Médico do 9º Batalhão de 
Infantaria, como concursado. Contudo, não presenciava as mazelas da 
Revolução Constitucionalista de 1932, ao contrário, dedicava-se a 
escrever mais contos, pois lhe sobrava tempo.
No entanto, percebe com o tempo que não tinha intimidade com aquele tipo
 de trabalho, senão com as letras. Então, por saber várias línguas, 
decide prestar concurso e ingressa na carreira diplomática, em 1934, 
quando serve na Alemanha, Colômbia e França.
Em 1936, participa de concursos literários que lhe rende prêmio da 
Academia Brasileira de Letras por “Magma”, uma coletânea de poemas. Após
 um ano, seu livro “Contos”, o qual mais tarde se chamaria Sagarana, 
ganhou o prêmio Humberto de Campos. O primeiro de tantos outros que 
recebeu por esta obra que reúne contos sobre a vida rural em Minas. É 
através desse livro que Guimarães Rosa começa a mostrar o regionalismo 
através da linguagem, característica maior do autor.
É em sua viagem à Europa, em 1938, que o escritor conhece Aracy Moebius 
de Carvalho, que viria a ser sua segunda mulher. Quando o Brasil rompe 
relações com a Alemanha, Guimarães Rosa é detido, juntamente com outros 
brasileiros, até que são soltos em troca de diplomatas alemães.
Depois disso, torna-se secretário da Embaixada de Bogotá, Colômbia, onde
 permanece por muitos anos. Vem ao Brasil somente em visitas ocasionais.
Retorna ao país de origem em definitivo somente no ano de 1951 e começa a
 investigar a vida sertaneja, os usos, os costumes, as crenças, as 
músicas e também a fauna e a flora. É quando escreve “Corpo de Baile”, 
dividida em três novelas: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no 
Pinhém e Noites do sertão.
“Grande sertão: veredas” vem logo após e é aclamado pela crítica por 
suas inovações nas formas e na escrita. Além de receber prêmios por esta
 obra, Guimarães passa a ser reconhecido como especial dentro da 3ª 
geração pós-modernista.
O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos. 
As crenças politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua 
vida. Assim, curandeiros, feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e
 a força dos astros refletiam em concordância com as ideias deste autor.
Por este motivo, se estabelece uma relação entre a inovação na fala das 
personagens e o regionalismo envolto em um “sertão místico”, como 
denomina o autor José de Nicola.
A característica peculiar de Guimarães Rosa é o uso de neologismos, ou seja, da criação de palavras ou da recriação delas.
Veja um trecho em que Riobaldo, personagem do romance “Grande sertão: 
veredas”, expressa sua dúvida quanto à existência de Deus e do diabo:
“
O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe
 mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver - a
 gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O 
inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é 
porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu
 estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci 
para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução
 do senhor..." 
Após resistir um pouco, Guimarães Rosa assume a cadeira na Academia 
Brasileira de Letras, toma posse três dias antes de morrer. No seu 
discurso de posse, diz: "...a gente morre é para provar que viveu."
O autor faleceu de um mal súbito, em 19 de novembro de 1967; tinha 59 anos.